A MORFOLOGIA

           A MORFOLOGIA
As palavras são compostas por elementos formadores, conhecidos como elementos mórficos ou morfemas, que são as menores unidades/partes das palavras que contém significado.
Vejamos, na palavra ‘casinhas’ encontramos quatro elementos mórficos: (cas-inh-a-s).
- cas - é o elemento base, que contém o significado da palavra.
- inh - indica que a palavra está no diminutivo
- a – nos informa que a palavra é feminina
- s - indica que ela está no plural

Conforme o quadro abaixo os elementos mórficos são:


Fig-1
Vamos ver cada um deles:
► A Raiz é a parte que tem um significado básico na origem da palavra.
Exemplo: A raiz da palavra “pedra” é 'petra' em latim e 'pétra' em grego, ambas significam: rocha, rochedo. Delas derivam as palavras: Petrificado, Petróleo, Petrologia.
O Radical é a parte da palavra, em uso, que tem um significado e se repete em todas as derivadas.
Exemplo: Pedra → Pedreiro – Pedregulho.
Observação: Então, como vimos acima, existe diferença entre raiz e radical:
- a raiz tem relação com a origem e a história da palavra e, é estudada na etimologia;
- o radical é o elemento mórfico que contém o sentido básico da palavra, aquele que se repete em todas as palavras da família.
O Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal temática.
Exemplo: buscamosbusc (radical)+a (vogal temática) = Tema: busca.
Os Afixos são elementos secundários agregados a um radical ou tema de uma palavra primitiva, para formar palavras derivadas. Quando está colocado antes do radical chamamos de prefixo, quando depois do radical, chama-se sufixo.
Exemplo: Na palavra empobrecer, temos → em (prefixo) + pobr (radical) + ecer (sufixo).
As Desinências são os elementos terminais que indicam as flexões das palavras. Podem ser: nominais e verbais.
Desinências Nominais: quando indicam flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.
Exemplo: aluno – aluna / alunos – alunas. Alguns nomes só admitem um tipo de flexão ou nenhuma, como: mesa(s), tribo(s), pires, lápis.
Desinências Verbais: indicam flexões de número, de pessoa, de modo e de tempo dos verbos.
Exemplos: falo – falas – fala – falamos – falais – falam.
A Vogal Temática: tem a função de facilitar a junção do radical com as desinências.
Exemplo: falamosfal (radical) + a (vogal temática) + s (desinência)
As Vogais e Consoantes de Ligação: são morfemas com o objetivo de facilitar ou possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.
Exemplo:
- BrasilienseBrasil (radical) + i (vogal de ligação) + ense (sufixo) = brasil-i-ense.
- Chaleiracha (radical) + l (consoante de ligação) + eira (sufixo) = cha-l-eira.
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A FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Na morfologia, basicamente, as palavras são formadas por dois processos: derivação e composição.
PROCESSO DE DERIVAÇÃO - é o surgimento de uma palavra nova (derivada), a partir de outra já existente (primitiva).
Exemplo:
bom (primitiva) → bondoso (derivada)
mar (primitiva) → marinheiro (derivada).



Fig-2
O Processo de Derivação pode ser:
1 → Prefixal ou Prefixação: prefixo + palavra primitiva.
Exemplos: crer → descrer; ler → reler; capaz → incapaz.
2 → Sufixal ou Sufixação: sufixo + palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical.
Exemplo: alfabetização – alfabetizar (verbo) + ção (sufixo). Transforma o verbo em substantivo.
A derivação sufixal pode ser:
a) Nominal - quando forma substantivos e adjetivos.
Exemplo: papel – papelaria (substantivo); riso – risonho (adjetivo).
b) Verbal – quando forma verbos.
Exemplo: atual – atualizar.
c) Adverbial - quando forma advérbios de modo.
Exemplo: feliz – felizmente
3 → Prefixal e Sufixal: prefixo + palavra primitiva + sufixo.
Exemplos: Leal → des + leal + dade = deslealdade.
4 → Parassintética ou Parassíntese: É parecido com o resultado do “Prefixal e Sufixal”, mas nesse caso, a junção ocorre com um radical e não com uma palavra existente - prefixo + radical + sufixo.
Exemplo: Triste → em + trist + ecer → entristecer.
5 → Regressiva: Aqui a derivação acontece por redução e não por acréscimo.
Exemplo: Comprar (verbo) → compra (substantivo).
Podemos saber se um substantivo deriva de um verbo ou se um verbo deriva de um substantivo, quando:
a)   substantivo dá a ideia de ação.
Exemplo:beijo’ (beijar) e ‘compra’ (comprar).
b) o nome lembra objeto ou substância.
Exemplo: âncora (substantivo primitivo) dá origem ao verbo ancorar.
6 → Imprópria: Essa derivação ocorre quando uma palavra muda de classe gramatical, mesmo sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma. Nesses casos:
a) Os adjetivos transformam-se em substantivos.
Exemplo: Os bons serão contemplados. (bons é adjetivo, mas na frase tem função de substantivo).
b) Os particípios transformam-se em substantivos ou adjetivos.
Exemplo: O garoto realizou um feito passando no concurso. → aqui a palavra ‘feito’ representa o particípio passado do verbo fazer, com a função de um substantivo na frase.
c) Os infinitivos viram substantivos.
Exemplo:andar da criança ficou mais firme. → O verbo ‘andar’, que está no modo infinitivo, foi transformado em substantivo com a inclusão do artigo ‘o’.
d) Os substantivos viram adjetivos.
Exemplo: O funcionário fantasma foi despedido. → ‘Fantasma’ é substantivo, mas foi transformado em ‘adjetivo’ ao indicar uma qualidade à palavra funcionário.
e) Os adjetivos viram advérbios.
Exemplo: Gritei alto para que fosse ouvido. → Alto é ‘adjetivo’, mas como está complementando um ‘verbo’, cumpre função de ‘advérbio’.
f) Palavras invariáveis viram substantivos.
Exemplo: Quero saber o porquê de tudo isso. → A gramática diz que a palavra porque é ‘substantivada’ quando vem depois do artigo ‘o’, fora desse caso ela será ‘conjunção’ ou ‘pronome’.

PROCESSO DE COMPOSIÇÃO - é o que compõe palavras, a partir da junção de dois ou mais radicais:


Fig-3
1 → Composição por Justaposição
Nesse caso não há alteração fonética.
Exemplo: quinta-feira, girassol, couve-flor, passatempo.
a) Composição por Aglutinação
União de dois ou mais vocábulos, onde ocorre a supressão de alguns elementos fonéticos.
Exemplo: embora (em boa hora); planalto (plano alto); hidrelétrico (hidro + elétrico)
2 → Composição por Redução
Basicamente é a forma reduzida de uma palavra.
Exemplo: auto → automóvel; cine → cinema; micro → por microcomputador.
As siglas e abreviações, em alguns casos, também podem ser consideradas reduções.
3 → Composição por Hibridismo
O hibridismo o resultado da palavra formada com elementos de línguas diferentes.
Exemplo:
- Burocracia → Buro (francês) + cracia (grego);
- Monocultura → Mono (grego) + Cultura (latim).
4 → Composição por Onomatopeia
Onomatopeias são palavras criadas a partir da imitação das vozes dos animais e dos ruídos da natureza.
Exemplo: urrar, chocalhar, miau, zum-zum, piar, tinir, etc.
5 Composição com Prefixos
Quando esses morfemas que se colocam antes do radicai com a função de lhe modificar o sentido. Raramente alteram a classe gramatical da palavra.
Exemplo: hipertensão → hiper (prefixo) + tensão (substantivo)
6 → Composição com Sufixos
A característica dessa composição é, geralmente, a mudança da classe gramatical da palavra.
Exemplo: casamento → Casar (verbo) + mento (sufixo) = casamento (substantivo).
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AS CLASSES GRAMATICAIS DAS PALAVRAS
A riqueza de vocabulário de nossa língua é tão grande, que a estudamos do primeiro ao último ano da escola e continuamos estudando, pois saber português é uma missão difícil, mas o segredo está em aprender a gostar, então deixará de ser difícil para ser uma tarefa prazerosa.
Quem consegue esquecer a terrível análise sintática interna e a análise sintática externa? Sem aprender a primeira nunca se aprenderia a segunda e, para aprender as duas, a primeira condição é aprender a função de cada palavra.
Não se sabe a quantidade total de palavras existentes no léxico da língua portuguesa, pois elas passam por uma constante evolução: muitas palavras nascem outras morrem ou são esquecidas, muitas são adaptadas de outros idiomas ou inseridas nos nossos dicionários nas suas formas originais. Impossível saber todas, como e onde utilizá-las.
Imaginem um enorme saco, onde esvaziássemos todos os dicionários e dali tentássemos tirar as palavras para construir nossas frases. Ao invés de termos uma “sopa de letrinhas”, teríamos um enorme sopão de palavras. Claro, ninguém conseguiria entender nada, comunicação zero.


Fig-4
Desenho: Taís Santiago
Então precisamos nos organizar, para melhor organizar as palavras e, justamente para facilitar essa tarefa, elas foram separadas em classes gramaticais ou classes de palavras, ou seja, por grupos onde as palavras têm a mesma função gramatical, independente do seu significado. Onde cada uma exercerá sua função, na construção das frases e das orações necessárias à nossa comunicação.
Por exemplo: O que é uma frase?
- É uma palavra ou grupo de palavras que contém uma ideia com sentido completo, mesmo sendo formada por uma só palavra (se o sentido não for completo não é frase):
- Olá! Cheguei. Caí. (frases formadas por uma só palavra).
- Tudo bem? “Tinha uma pedra no meio do caminho”. (frases formadas por mais de uma palavra).
O que é uma oração?
- É um conjunto de palavras ou frases com estrutura em torno de um verbo. (tem mais, mas o importante agora é o básico).
Mas o tema não era classes de palavras? Por que estamos vendo frases e orações?
- Claro! Acontece que as frases e as orações precisam de palavras, onde cada uma delas tem uma função. Portanto, antes de buscarmos as palavras que precisamos e saber a função de cada uma delas, para que possamos utilizá-las corretamente, precisamos saber onde e como utilizá-las, ou seja, nas nossas frases e orações. E, claro, ficará mais fácil se elas estiverem separadas por função, ou seja, por classe.
É isso! Classificar as palavras é separá-las em grupos, de maneira que cada grupo contenha as palavras que, numa frase ou oração, executem uma mesma função ou que tenham as mesmas características.
Voltemos ao nosso saco cheio de palavras e vamos tentar escrever a frase: O gato comeu toda a ração.
Vamos tentar procurar no saco. Preciso da palavra gato.
Gato é o quê? Qual a sua função?
- Sei lá! Vai procurando aí no saco, até achar o gato... procurando...procurando...
E assim para as outras palavras da frase, até o saco ficar vazio. Ufa! Viram? Não é fácil, nem prático, além disso, a frase ainda não saiu.
Então vamos facilitar. Vamos colocar ao lado do saco um armário. Sim um armário, com 10 (dez) gavetas, cada uma com o nome do grupo de palavras que têm a mesma função e que serão guardadas na gaveta correspondente:


Fig-5
Desenho: Taís Santiago
Então, tiramos as palavras do saco, uma a uma e vamos organizando-as no armário:
Gaveta - 1
Gaveta - 2
Gaveta - 3
Gaveta - 4
Gaveta - 5
Gaveta - 6
Gaveta - 7
Gaveta - 8
Gaveta - 9
Gaveta - 10


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4 comentários:

  1. Gostei, tudo muito bem explicado, de forma fácil para entender já que o conteúdo é bem difícil.

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    1. Agradeço a visita e o comentário. Você tem tudo isso e mais um pouco no livro SOS Gramática, é só procurar na página do facebook com esse mesmo nome (SOS GRAMÁTICA).

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    2. Estou muito grato, pois a matéria foi bem colecionada e bem planificada.
      Também de agradecer ao excelentíssimo professor que partilhou este valioso conteúdo que acaba de satisfazer as minhas dúvidas.

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    3. Agradeço as considerações Lunda Tchokwe, seja sempre bem-vindo. Obrigado pelo comentário.

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