O ENCÉFALO
Com
seus 100 bilhões de neurônios / 1 trilhão de gliócitos (componentes do tecido
nervoso cuja função é envolver, proteger e nutrir os neurônios), o encéfalo
divide-se em:
1. CÉREBRO – é
a parte superior do encéfalo e divide-se em:
1.a) tálamo – recebe e transmite
impulsos nervosos, vindos de diferentes regiões do corpo.
1.b) hipotálamo – regula os processos
de deslocamentos dos alimentos no sistema digestório, as contrações da bexiga,
os batimentos cardíacos, a temperatura do corpo e o estado de consciência.
1.c) telencéfalo – divide-se em dois
hemisférios (esquerdo e direito) e tem três áreas principais:
1.c.1) sensitiva – recebe e interpreta impulsos
vindos dos olhos, orelhas e nariz;
1.c.2) motora –
controla o movimento dos músculos esqueléticos; e
1.c.3) de associação – conecta as áreas
‘sensitiva’ e ‘motora’. Relaciona-se com as emoções, memória, inteligência e
personalidade.
2. TRONCO ENCEFÁLICO –
divide-se em:
2.a) mesencéfalo
– localizado
entre os hemisférios cerebrais e a ponte, também chamado de pedúnculo cerebral.
Serve de condutor para os estímulos que saem e vão para o cérebro, além de
auxiliar no controle da postura e ativação do córtex cerebral.
2.b) ponte
– situada
abaixo do mesencéfalo, fazendo as principais conexões fronto-ponto-cerebelares,
através dos núcleos pontinos.
2.c) bulbo
– é uma
transição entre a medula espinhal e a ponte, sendo também o local de origem de
alguns nervos cranianos.
“Foi no final dos anos 1990 que o efeito placebo deixou de ser considerado empecilho ou mera sugestão e ganhou status de tratamento por si só, digno de pesquisa científica sobre seus mecanismos, pois a melhora que ele proporciona é real – embora seja fruto de sugestão, de fato. O efeito placebo depende da simulação psicossocial de uma terapia, o que surte efeitos biológicos sobre o cérebro: na expectativa de se sentir melhor ele vai provocando desde já alterações em seus sistemas internos de analgesia, de motivação e de controle da resposta ao estresse. Aumentando a liberação de dopamina e de substâncias semelhantes ao ópio produzidas por ele mesmo, o cérebro aplaca suas dores, aumenta sua motivação e melhora a sensação de bem estar como um todo. Mesmo que não cure tumores, infecções graves e tantas outras doenças fora de sua alçada, o efeito placebo é a maneira como o seu cérebro ajuda a si mesmo – inclusive a ir buscar mais ajuda.” (HOUZEL, 2009, P.187 e 188).
Sobre a Mente
“Os caminhos da mente humana são um assunto delicioso, embora ocasionalmente espinhoso. As moléculas se arranjam em estruturas que se organizam em níveis cada vez mais complexos de cuja interação emergem habilidades extraordinárias, como o pensamento, inexplicáveis pelo comportamento de átomos individuais, mas resultantes do arranjo do todo.” (HOUZEL, 2009, P.189).
“A ciência mostra que somos punhados de moléculas organizadas de maneiras tão específicas que nos tornam capazes de nos apaixonar, querer o bem e até achar nossa existência um milagre, então ela só torna a vida ainda mais extraordinária. Moléculas não pensam – mas se da sua organização nasce a mente, então isso não é poesia pura?” (HOUZEL, 2009, P.190).
HOUZEL, Suzana Herculano. Pílulas de Neurociência para uma vida melhor. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
O Amor segundo a Neurociência
“Para todos, o ser amado é igualmente perfeito, e até seus defeitos são charmosos; ele se torna o centro do Universo, o foco das atenções, em detrimento de trabalho, família e amigos, e isso alimenta o desejo de exclusividade e fidelidade.” (HOUZEL. Pag 39. 2009).
A Paixão segundo a Neurociência
“A paixão é involuntária e incontrolável; ela ocupa obsessivamente os pensamentos e desperta uma “energia intensa” na pessoa apaixonada, que faz de tudo para ficar com a outra e sente fissura pela sua presença, como se a paixão fosse um vício, uma verdadeira droga da qual se precisa sempre mais”. (HOUZEL. Pag 39. 2009).
A Saudade segundo a Neurociência
“É a expectativa por algo que já foi e que deseja-se que volte a ser”. (HOUZEL. Pag 51. 2009).
A consciência segundo a Neurociência
“Consciência é conhecer o modo como conhecemos” (Antônio Damásio-Neurologista português)
Conselhos da Neurocientista
(PÍLULAS DE NEUROCIÊNCIAS - Suzana Houzel)
“Não basta pensar: é preciso agir sobre o mundo e usar o cérebro para mudar a realidade física por meio de nossas ações.” (HOUZEL, 2009, P.186).
“Uma descoberta importante da neurociência é que receber um prêmio ou dinheiro sem fazer força pode até ser bom, mas não é nada que se compare ao prazer de conquistá-lo à força de nosso próprio suor. O cérebro gosta de ter trabalho e ser recompensado por isso. Segredo mesmo é fazer para então merecer.” (HOUZEL, 2009, P.186).
AS HABÊNULAS
O sistema de recompensa do cérebro humano é composto por
um conjunto de estruturas (sendo as principais os núcleos accumbens) responsável por premiar, através de sensações de
prazer, os comportamentos importantes para a sobrevivência, como a atividade
sexual, saciar a fome e a sede, através da liberação de um neurotransmissor
chamado dopamina. É também ativado em situações do dia a dia que causam emoções
positivas, tais como: vencer um desafio, tirar uma nota boa, encontrar os amigos, ganhar um
presente ou ver a felicidade de alguém amado.
As habênulas, por
sua vez, são o centro de um sistema considerado antagônico ao de recompensa do
cérebro e, por outro lado, são o centro do sistema de punição ou de
antirrecompensa, o qual é ativado quando não atingimos um objetivo esperado. Esse
processo é importante para que aprendamos com nossos erros, memorizando
situações em que o resultado final não foi bom. Sua ativação resulta, portanto,
em sentimentos negativos como frustração (decepção), angústia e tristeza.
Afinal, as habênulas fazem inúmeras conexões sinápticas com os núcleos
accumbens, causando a inibição da liberação da dopamina.
Então, o complexo sistema de jogar um balde de água fria
na nossa felicidade e prazer é comandado pela habêmulas, pois a felicidade e o prazer
provocado pela dopamina, também podem fazer mal se forem demais.
A falta do efeito inibitório provocado pelas habênulas,
resultaria num quadro de felicidade constante e sem motivo, uma euforia, um
estado muito elevado de autoestima, conhecido como “mania”, pode se transformar
num grave distúrbio psiquiátrico e colocar o portador em risco, uma vez que ele
acha que pode tudo, não percebe as consequências dos seus atos, não tem medo de
nada, apresenta comportamentos de risco e toma decisões desastrosas.
É perigoso achar que a vida é só felicidade. Importante é
perceber o lado positivo e negativo do nosso comportamento e avaliar suas
consequências, aprendendo com elas. As áreas de recompensa do cérebro precisam
de limites, neurologicamente falando, da modulação inibitória das habênulas.
As habênulas inibem, também, a liberação de serotonina
pelo núcleo dorsal da rafe (principal fonte de projeções serotonérgicas que inervam o sistema límbico), dessa forma, a hiperativação das habênulas está
envolvida nos quadros depressivos, causando um estado de humor inverso:
angústia, tristeza, incapacidade de sentir prazer, felicidade e de enxergar o
lado bom da vida. É como ver o mundo pelos 50 tons mais escuros. O ideal é ter
variações entre tristeza e alegria com intensidade e duração proporcionais à
realidade.
Enfim, As coisas no cérebro dependem de trilhões de
sinapses entre vários sistemas antagônicos que fazem com que cada pessoa seja
diferente da outra nos diversos aspectos de sua personalidade.
Simplificadamente, entretanto, são as habênulas e os
accumbens que regulam os 50 tons de humor de nossa massa cinzenta.
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