AS CLASSES GRAMATICAIS DAS
PALAVRAS
A riqueza de vocabulário de nossa língua é
tão grande, que a estudamos do primeiro ao último ano da escola e continuamos
estudando, pois saber português é uma missão difícil, mas o segredo está em
aprender a gostar, então deixará de ser difícil para ser uma tarefa
apaixonante.
Quem consegue esquecer a
terrível análise sintática interna e a análise sintática externa, sem aprender
a primeira nunca se aprenderia a segunda e, para aprender as duas, a primeira
condição é aprender a função de cada palavra.
Não se sabe a quantidade total de palavras
existentes no léxico da língua portuguesa, pois elas passam por uma constante
evolução: nascem mais palavras, outras morrem ou são esquecidas, muitas são
adaptadas de outros idiomas ou inseridas nos nossos dicionários nas suas formas
originais. Impossível saber todas, como e onde utilizá-las.
Imaginem um enorme
saco, onde esvaziássemos todos os dicionários e dali tentássemos tirar as
palavras para construir nossas frases. Ao invés de termos uma “sopa de
letrinhas”, teríamos uma sopa de palavras. Claro, ninguém conseguiria entender
nada, comunicação zero.
Desenho:
Taís Santiago
Então precisamos nos
organizar, ou melhor, organizar as palavras e, justamente para facilitar essa
tarefa, elas foram separadas em classes
gramaticais ou classes de palavras, ou
seja, por grupos onde as palavras têm a mesma função gramatical, independente
do seu significado. Onde cada uma exercerá sua função, na construção das frases
e das orações necessárias à nossa comunicação.
Por
exemplo:
O
que é uma frase?
- É
uma palavra ou grupo de palavras que contém uma ideia com sentido completo (se
não for completo não é frase):
- Olá!
Cheguei. Caí. (frases formadas por uma só palavra).
-
Tudo bem? “Tinha uma pedra no meio do caminho”. (frases formadas por mais de
uma palavra).
O
que é uma oração?
- É um conjunto de palavras ou frases com estrutura em
torno de um verbo. (tem mais, mas o importante agora é o básico).
Mas o tema não era classes
de palavras? Por que estamos vendo frases e orações?
- Claro! Acontece que as
frases e as orações precisam de palavras, onde cada uma delas tem uma função. Portanto,
para sabermos qual a palavra certa e onde colocá-la, precisamos ir buscá-la no
lugar certo, ou seja, no grupo onde ela foi classificada.
É isso! Classificar as
palavras é separá-las em grupos, de maneira que cada grupo contenha as palavras
que, numa frase ou oração, executem uma mesma função ou que tenham as mesmas
características.
Voltemos ao nosso saco cheio
de palavras, para escrever a frase: O
gato comeu toda a ração.
Vamos procurar no saco.
Preciso da palavra gato.
Gato é o quê? Qual a sua
função?
- Sei lá! Vai procurando aí
no saco, até achar o tal de gato...procurando...procurando...
E assim para as outras
palavras da frase, até o saco ficar vazio. Ufa! Viram? Não é fácil, nem prático
e a frase não saiu.
Então vamos facilitar. Vamos colocar ao lado do saco um armário. Sim um
armário, com 10 (dez) gavetas, cada uma com o nome do grupo de palavras que
será guardado em cada uma delas:
Desenho:
Taís Santiago
Então, tiramos cada palavra
do saco e vamos organizá-las no armário:
GAVETA – 1
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Colocamos todas as palavras que nomeiam
os seres ou coisas e as chamamos de substantivos. Lembrando que elas devem estar organizadas em ordem
alfabética e em dois subgrupos:
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- Substantivos Simples (uma só
palavra - Casa, Carro, Garota, Homem); e
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- Substantivos Compostos (duas ou
mais palavras - Passatempo, Couve-flor, Rodapé).
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GAVETA – 2
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Guardamos todas as palavras que trabalham
diretamente com o substantivo, dando-lhes uma qualidade e damos o nome de
adjetivos, que são usados para
dar qualidade (Alegre,
bonita, azul).
Veja
o exemplo: A garota (substantivo) é bonita (Adjetivo). “A qualidade da garota
é ser bonita”.
Esse grupo também pode ser dividido em 5
subgrupos:
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-Simples - Os formados por
um só radical: escuro, claro.
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-Compostos
- Os formados por dois ou mais radicais: azul-escuro, Verde-claro.
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-Primitivos
- Quando não derivados de outra palavra: amor, bom.
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-Derivados
- Quando derivados de outras palavras: amado, bondoso.
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E ainda existem os adjetivos pátrios, que se referem à
origem ou nacionalidade de alguém: Inglês, brasileiro,
paulistano, gaúcho.
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GAVETA – 3
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Aqui colocamos todas as palavras que indicam
uma ação em determinado tempo e praticada por qualquer pessoa
e chamamos esse grupo de verbos.
Exemplos:
“Eu como” (ação de comer, praticada pela
primeira pessoa do singular e no tempo presente). “Nós brincávamos” (Ação de brincar, feita por nós, primeira pessoa do
plural, no tempo passado). “Vocês
beberão” (Ação de beber, feita por eles, terceira pessoa do plural, no tempo
futuro).
Esses também são
subdivididos em:
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Ligação (VL)
– tem a única função de ligar o sujeito ao seu predicativo, ou
seja, ao seu estado, característica, modo de ser, ou ligar o objeto ao seu
estado ou característica. Exemplo: O aluno é estudioso. A cadeira estava
quebrada.
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Transitivo (VT)
– quando não
tem ação completa, transita até encontrar um complemento (por isso é
transitivo, depende de um complemento). Exemplo: Tenho um belo anel de
ouro (tenho o quê? – Um belo anel de ouro.)
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Transitivo Direto (VTD)
– quando o
complemento se liga ao verbo sem necessidade de uma preposição. Exemplo: Li
o livro.
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Transitivo Indireto (VTI)
– O verbo
que precisa de uma preposição para ligar-se o complemento. Exemplo: Preciso de
ajuda. Comprei para você.
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Transitivo Direto e Indireto
– quando o verbo
usa os dois tipos de complemento, com e sem preposição. Exemplo: Emprestei o
livro para José. (Emprestei o quê? – O livro – sem preposição. Para
quem? – para José – com a preposição para).
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Intransitivo
– não precisa de
complemento, mas às vezes pode ser acompanhado de adjunto adverbial. Exemplo:
Fui ao cinema. (Adjunto Adverbial de lugar).
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GAVETA – 4
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Ao lado dos verbos, arrumamos os advérbios, que são as palavras usadas
para complementar ou modificar um verbo, um adjetivo ou outro advérbio,
indicando as circunstâncias em que as ações acontecem. Esse grupo de
palavras também é dividido em vários subgrupos chamados de: Advérbios de tempo,
de modo, de lugar, de afirmação, de negação e de dúvida.
Exemplos:
A frase – “A menina vai à escola”, está completa, mas se inserirmos a
palavra “sempre”, estamos usando um advérbio de tempo, para complementar o
verbo e afirmar que a menina nunca falta à escola.
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GAVETA – 5
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Aqui guardamos todas as palavras que aparecem
antes dos substantivos e indicam a maneira como eles
estão sendo empregados e lhes chamaremos de artigos (também conhecidos como determinantes).
Esses, também, podem ser subdivididos de acordo com a forma na qual são
empregados: ‘definidos’ ou ‘indefinidos’, além de indicarem o ‘gênero’
e o ‘número’ dos substantivos aos quais estão ligados. Os artigos
podem ser: o, a, os, as, um, uma, uns,
umas.
Exemplo:
Na frase: “A garota correu”. O
artigo “a” é definido, pois
indica que o substantivo é uma determinada “garota”, portanto feminino
(gênero) e no singular (número), pois é apenas uma garota.
Na frase: “Uns cavalos escaparam”. O
artigo “uns” é indefinido,
pois indica que o substantivo “cavalos” está no masculino (gênero) e no
plural (número), mas apresenta-o de forma vaga, não define quais os cavalos
que escaparam.
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GAVETA – 6
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Nesta gaveta colocamos as palavras
utilizadas para substituir os nomes (substantivos), dando-lhes o nome de pronomes (pro: "em lugar de"), os quais, também podem ser
subdivididos em:
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- possessivos - indicam a ideia de posse: meu, tua, nosso.
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- demonstrativos, indicam o sujeito no espaço ou no tempo: este, aquela, isso.
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- do caso reto e oblíquo.
São eles:
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Caso Reto - Eu, tu, ele, nós, vós,
eles
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Caso obliquo - me, mim, te, ti.
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- relativos - aqueles que representam nomes já
mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações
subordinadas e podem ser:
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- variáveis - o qual / a qual, cujo / cuja, quanto / quanta;
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invariáveis – que, quem, onde.
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GAVETA – 7
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Aqui agrupamos as palavras invariáveis que
ligam um elemento a outro numa oração, que chamamos de preposições. São elas: a, ante,
perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob,
sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
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Nesta gaveta colocamos,
também, algumas palavras que podem pertencer a outras classes, mas que podem
exercer a função de preposição, nesse caso, são chamadas de preposições acidentais. São elas:
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
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GAVETA – 8
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Aqui guardamos os numerais. As palavras que indicam uma ordenação ou quantidade em
relação às outras palavras da frase.
Exemplo:
Esperei durante duas horas. Foi a quarta vez que você atrasou.
Acabei de ler o meu primeiro livro.
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GAVETA – 9
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Na gaveta nove, juntamos todas as palavras
utilizadas para ligar, conectar orações ou dois termos de mesma função
sintática e de acordo com a função damos a esse grupo o nome de conjunções. Essas são: pois,
portanto, logo, como, mas, e, embora, todavia, porque, entretanto, quando,
ora, que, quer, porém, contudo, seja, nem, conforme.
Exemplos:
O garoto
estudou, contudo não tirou boas notas.
O garoto
estudou e tirou boas notas.
Obs.:
Essa classe também tem subdivisões, mas, para não dificultar, poderemos ver
em assunto mais específico.
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GAVETA – 10
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Enfim,
na última gaveta colocamos as interjeições, que são palavras usadas para exprimir emoções ou
sensações. As palavras desta classe podem formar, sozinhas, uma frase e são
chamadas de “palavras-frase”.
Podem expressar o sentimento de alívio (Ufa!), contentamento (Obá!), agradecimento (Obrigado! Valeu!), animação (Legal!), despedida (Adeus!), estímulo (Vai!), dúvida (Hã?), saudação (Olá!),
interrogação (Que?), medo (Credo!), saudade (Oh!), silêncio (Psiu!), impaciência (Hum!),
espanto (Nossa!), dor (Ai!), aplauso (Bravo!).
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Parabéns pela explicação. Muito bom.
ResponderExcluiramei a explicação sim
ResponderExcluirLegal! Fico feliz com sua visita e com seu comentário. Seja sempre bem-vindo ALESSON. Obrigado.
ExcluirProfessor Marco, obrigada pela explicação sobre as classes gramaticais. Estou sempre visitando o seu blog. As suas explicações e os mapas são de grande ajuda. Obrigada
ResponderExcluirObrigado pela visita e comentário Silvana, fico feliz com isso.
ResponderExcluirProfessor, parabéns pelo excelente conteúdo que o senhor produz. Gostei muito da sua explicação sobre as classes gramaticais! Deus abençoe!
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