FILOSOFANDO


A MELHOR IDADE

Difícil entender o que é a melhor idade, pois dá o que pensar. Por que depois dos 60 anos? A melhor idade vem com a idade? A melhor idade não seria a da juventude, onde quase nunca se fica doente, onde não existem as dores, cada vez maiores a cada ano que passa?

Pelo que entendi as respostas a essas perguntas podem ser vistas por dois ângulos, ambos com seus prós ou contras, portanto a solução depende do ponto de vista de quem a procure.

Vejamos: na juventude temos mais vigor, saúde, disposição e menos responsabilidades. Em contrapartida, temos a concorrência pela educação, pelo mercado de trabalho, a luta pelas metas e o tempo, que sempre é pouco para tudo o que temos de fazer; e na maturidade temos menos vigor, menos saúde, menos disposição e mais responsabilidades. Em contrapartida, não temos a concorrência pela educação, pelo mercado de trabalho, a luta pelas metas, e temos o tempo, que sempre nos sobra para fazer o que quisermos.

Além disso, apesar de todos – jovens e idosos – gostarem da vida, a diferença está na valorização dessa vida: os jovens vivem-na intensamente, procurando absorver o máximo de conhecimentos e acreditando que nada pode surpreendê-los; os idosos vivem o dia a dia, valorizando cada evento, cada emoção, somando os conhecimentos à experiência e transformando-os em sabedoria.

Para os jovens, as coisas boas da vida é curtição, para os idosos é, simplesmente, a fonte da juventude. Então aí está a nossa resposta: a melhor idade está na maturidade, porque é quando somos capazes de transformar as coisas boas da vida na nossa fonte da juventude, que nos tira as dores da idade, mas preserva nossa experiência e que nos faz jovens mais sábios.


FILOSOFANDO
Filosofia para quê?
“Somos seres que têm a capacidade de transformar e modificar as ações, dando a elas um sentido diferente”. (TOMELIN; SIEGEL. 2013. p.19)
Esta frase resume qualquer explicação sobre o ser humano, única espécie na terra capaz de pensar, pois as ações de transformar e modificar não são possíveis sem o pensamento.
Dessa forma, pensar é filosofia e esta, por sua vez, é procurar, descobrir e, principalmente, compreender.
Onde está a relevância disso? Para que serve?
Façamos uma comparação entre a raça humana e as outras espécies animais. O que aconteceu com os animais desde o início de sua existência até os dias atuais? Nada, a não ser que alguns aprenderam a servir o homem.
E o homem? Descobriu o fogo, inventou a roda, as ferramentas, aprendeu a falar, ler escrever e a comunicar-se, e então progrediu. Seria assim, se antes o homem não aprendesse a pensar?
Sabemos que o pensamento, como conhecimento e educação iniciou no século XVI com o surgimento da filosofia e as escolas de Sócrates, Platão, Aristóteles e outros que continuaram pensando e ensinando suas ideias.
Desde os ágoras da Grécia Antiga a filosofia faz parte da humanidade, intervindo na cultura, na religião e na sociedade. Portanto, é nessa filosofia, que já podemos chamar de moderna, que acompanha a evolução social através de seus ágoras contemporâneos, que se utiliza da tecnologia moderna e eficiente, que percebemos, sem muito esforço, para que ela existe.
Filosofando 1
Outro dia durante a aula de filosofia, o assunto voltou-se para Deus e a criação do homem a sua imagem e semelhança. (GÊNESIS. 2:26).
Um colega fez o seguinte comentário: – Pensando sobre a forma como Adão foi criado, conclui-se que ele não teria umbigo. Claro, essa afirmação criou um ambiente de risos e brincadeiras, mas bem conduzido pela professora, tornou-se uma discussão sadia e séria. Eu apenas escutei e enquanto os outros falavam aproveitei para enriquecer meus poucos conhecimentos na área, afinal, filosofar, além de pensar, também é ouvir, refletir e procurar entender.
Normalmente enquanto dirijo de volta para casa, costumo ouvir música, mas naquela noite voltei pensando nos assuntos abordados em sala, e de repente me vi filosofando.
É claro que Deus existe. Só pode existir, pois esse universo maravilhoso não surgiria do nada: as galáxias, as estrelas, os planetas, enfim esse infinito medido em anos luz, onde cada unidade segue seu curso de maneira perfeita por tantos anos que apenas temos ideia do quanto seja. Quem criou e controla tudo isso?
Voltando para o nosso pequeno planeta. Quem criou o homem, os animais, as plantas e os minerais? Cada um no seu meio e na sua individualidade também é um pequeno universo, que múltiplas ciências ainda não conseguiram desvendar na sua totalidade.
Mas, voltando à criação de Adão e Eva, a imagem e semelhança de Deus. Segundo a Bíblia, outro tema para reflexão profunda. Ela é realmente a palavra de Deus? Mas quem a escreveu? A Bíblia também diz que o mundo foi criado em seis dias e que no sétimo dia Deus descansou. (GÊNESIS. 2:3). E Deus precisa descansar? Se o homem é a imagem e semelhança de Deus, porque não é perfeito?
Eu, católico, que acredito em Deus, ao mesmo tempo me pergunto: se a Bíblia e a Ciência são verdades, porque não falam a mesma língua? Então, tento me responder dessa forma: Deus é o próprio Universo, por isso está em todos os lugares ao mesmo tempo, e a semelhança entre Deus e o homem é, exatamente, o universo que existe em cada um de nós, as melhores máquinas biológicas existentes na terra, com um funcionamento perfeito, desde nossa geração até o momento em que termina nossa missão e voltamos a integrar o Universo maior, ou seja, o retorno da alma a Deus.
Então, Adão e Eva realmente existiram? Penso que sim, mas como personagens ilustrativas de um palco chamado Éden, onde ser a imagem e semelhança de Deus significa, assim como ELE, sermos cada um seu universo próprio.
E o pecado original, que segundo a crença católica, nos marca desde o nascimento? Poderia ser a representação do direito de escolha concedido por Deus e o porquê de não sermos perfeitos.
E a expulsão de Adão e Eva do Paraíso? Uma colocação metafórica da ordem de Deus: “Crescei e multiplicai-vos” (GÊNESIS. 2:28), dando a liberdade ao homem de fazer seu próprio destino.
Então. Somos realmente feitos à imagem e semelhança de Deus, mas com a liberdade, concedida por ELE, de pensar, de tomar decisões e de errar. Somos semelhantes a Deus, mas nunca seremos iguais a ELE.
Filosofando 2
Hoje pela manhã, enquanto praticava esteira na academia, novamente me vi filosofando, quando lembrei de dois textos de um livro que li sobre neurociência:
“somos punhados de moléculas organizadas de maneiras tão específicas que nos tornam capazes de nos apaixonar, querer o bem e até achar nossa existência um milagre”; e “As moléculas se arranjam em estruturas que se organizam em níveis cada vez mais complexos de cuja interação emergem habilidades extraordinárias, como o pensamento, inexplicáveis pelo comportamento de átomos individuais, mas resultantes do arranjo do todo“.(HOUZEL, 2009, p.189 e 190).
Isso novamente me fez refletir sobre as palavras da Bíblia e concordar que Deus nos fez a sua imagem e semelhança e, ao mesmo tempo, discordar de que Deus é um ser único e está em todos os lugares. No meu modo de ver, Deus não é um ser, é um todo e é por isso que ele está em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele é o Universo.
A neurociência nos explica, através dos textos citados, porque somos feitos a imagem e semelhança de Deus: porque nosso corpo é um universo, um todo com uma biologia imensa, diversificada e complexa, controlada por uma mente nascida do trabalho de um cérebro com aproximadamente cem milhões de neurônios, onde cada um produz milhares de sinapses, cada uma emitindo seus inúmeros neurotransmissores com suas funções específicas e direcionados às mais variadas atividades, reações, sentimentos e tudo o que somos capazes de fazer. Então, não somos um universo, um todo? Claro que somos, é isso que significa ser a imagem e semelhança de Deus.

E como isso acontece? Porque é assim? Ah! Esse é o mistério, o segredo que pertence apenas ao mestre e que, talvez, quando passarmos a fazer parte do grande universo, se dele formos merecedores, Deus nos permitirá compreender.

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